quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Modelo Preventivo em Saúde

A saúde mental preventiva corresponde a uma atitude de investigação e de intervenção que se define por quatro características principais:

 
  • Prevenção primária: (profilaxia) compreende a promoção da saúde, isto é, as condições gerais de higiene e toda a profilaxia da doença de que o exemplo clássico é a vacinação. O objectivo da prevenção primária é evitar o aparecimento da doença, diminuindo o risco de adoecer mentalmente.

  • Prevenção secundária: (diagnóstico e tratamento precoces) consiste essencialmente no diagnóstico e tratamento precoces e o seu objectivo é a prevenção de complicações ou agravamento de perturbações já diagnosticadas.

  • Prevenção terciária: (rápida inserção sócio-profissional com minimização dos efeitos da doença. A prevenção terciária consiste na reabilitação e reinserção social da pessoa.

  • Prevenção quaternária tem por objectivo, por um lado, evitar a patologia do doente e, por outro lado, o hospitalismo em hospitalizações prolongadas e crónicas.

Perspectivar a Saúde Mental em termos preventivos corresponde a ligá-la a:

·         Às equipas de saúde materna e infantil – Obstetrícia e Pediatria

·         Às equipas médico-cirúrgicas no caso do doente adulto e da 3ª idade

·         À comunidade – Saúde Mental Comunitária – através de uma articulação funcional com outras estruturas: família, escola, associações culturais, recreativas, desportivas, etc.

A Psiquiatria


A PSIQUIATRIA NA HISTÓRIA

Longa tem sido a trajectória da Psiquiatria e penosa a sorte do doente mental. Sucessivamente objecto de perseguição e segregação como acontecera com outras doenças como, por exemplo, a lepra, o doente mental adquiriu lentamente o direito de ser considerado doente e, como tal, de ser tratado. Inicialmente excluído da sociedadeé ao nível da sua reintegração social que se situa, posteriormente, um dos aspectos mais importantes  da atitude terapêutica.

Quatro grandes revoluções marcam a evolução histórica da Psiquiatria:
  1. No final do século XVIII, Pinel, em França, separa o doente mental dos presos de delito comum, dando assim ao doente mental o direito de ser tratado em vez de ser punido como até aí.
  2. No final do século XIX e princípios do século XX Freud chama atenção para as manifestações do inconsciente.
  3. Em 1950 introduzem-se os psicofármacos.
  4. 1960 marca a 3.ª grande revolução: a passagem da psiquiatria tradicionalmente curativa à psiquiatria preventiva, revolução que, aliás, não aconteceu apenas na psiquiatria mas em toda a medicina. À preocupação centrada sobre a doença e o seu tratamento opõe-se assim a preocupação com a saúde, isto é, o bem-estar físico, psicológico e social da pessoa tal como o define a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esta evolução corresponde a uma dupla realidade:


  • Foi o tratamento do doente adulto que dominou a psiquiatria durante longos anos, até porque, em termos sócio-económicos, era o adulto, enquanto membro activo e produtivo da sociedade e como chefe de família, que preocupava mais os responsáveis dos países.

  • A evolução das ideias em que o centro do problema se desloca da doença para a saúde e em que a preocupação da prevenção passa a impregnar todo o pensamento médico.

O objecto de estudo e de intervenção desloca-se assim:

- da doença para a saúde
- da pessoa para o grupo e comunidade
- do tratamento para a prevenção
- do técnico para a equipa.


O médico Francês Philippe Pinel (1745-1826) nomeado responsável pelo sistema hospital parisiense. Pinel removeu as correntes dos doentes mentais.